quarta-feira, 27 de abril de 2016

MATRIZ TUPI - POVO BRASILEIRO - DARCY RIBEIRO



MATRIZ TUPI[1] – Capítulo 1

Obra do antropólogo Darcy Ribeiro, em 1995 trata sobre a formação do povo brasileiro, a origem mestiça e a singularidade do sincretismo cultural que dela resultou. Com imagens capturadas no Brasil, de diversos grupos indígenas, além dos de origem tupi, e, sobretudo, de depoimentos, a série apresenta-se como um programa indispensável aos educadores e educandos, mas também, a todos interessados em conhecer parte do que formou e ainda influencia sobremaneira a nação brasileira.

Por Adilson Valério.

LOCALIZAÇÃO ATUAL DOS ÍNDIOS TUPINIQUINS

Segundo sítio eletrônico da Prefeitura de Aracruz[1], este município é o único capixaba com aldeias indígenas no Estado do Espírito Santo, aldeando duas etnias: Tupinikim e Guarani em 09 aldeias, divididas: 04 guaranis e 05 tupinikins.
A etnia Tupinikins ou Tupiniquins, por interferência do contato com os colonizadores, perderam algumas das características indígenas, mas mantiveram os grupos culturais, em referência a cultura.
Entre as aldeias, constam:
CAEIRAS VELHA
Localizada no Distrito de Santa Cruz na Rodovia ES-456, a 18,5 Km de distância da Sede a aldeia Indígena Tupinikim, possui uma área que compreende o mangue e o taboal. Fabricam artesanatos com: samburá, juquiá, peneiras feitas de coco. A Reserva ainda guarda alguns remanescentes de Mata Atlântica e árvores frutíferas. A Reserva possui ainda Posto Médico e Escola.

IRAJÁ
Localizada Rodovia ES-456 a 12,5 Km de distância da Sede a aldeia é composta por índios Tupinikins que vivem basicamente da pesca do caranguejo e de outros crustáceos.

COMBOIOS
Localizada no Distrito do Riacho a 38 Km de distância da Sede, com uma área com solos arenosos, cobertos de vegetação de restinga, roças de mandioca e pastagem. Situa-se no limite sul da Reserva Biológica. A totalidade da população, vivem ao longo do Rio Comboios, em pequeno aldeamento no centro, sendo despovoada as áreas próximas à praia e à Reserva Biológica. A comunidade possui posto de saúde, escola municipal, uma igreja católica e um posto da FUNAI. A subsistência é obtida da pesca no rio Comboios e no mar, dos plantios da mandioca, da pequena criação de gado, do artesanato e, mais recentemente, do cultivo de feijão em uma área de 96 ha distante da área principal.

Fonte: Prefeitura de Aracruz/SC - http://www.pma.es.gov.br/turismo/atracoes-turisticas/19/

PAU BRASIL
A Terra Indígena Pau-Brasil é composta pela aldeia Pau-Brasil, bastante antiga e populosa, habitada por índios Tupiniquins. Ao Norte da aldeia encontra-se a Rodovia ES-257, que liga a sede do município à fabrica da Aracruz Celulose e ao distrito de Barra do Riacho. Ao Sul limita-se com o córrego Sahy. Vivem da pesca e do cultivo de mandioca, café e abacaxi, ocupa uma área de 1.579 ha. Capoeiras e macegas ocupam 70% da sua área, que não possui matas, e 20 % do seu espaço é dedicado a cultivos. Tem sua própria Associação Indígena.


Por Adilson Valério.






[1] Fonte: Prefeitura de Aracruz/SC - http://www.pma.es.gov.br/turismo/atracoes-turisticas/19/, pesquisado em 27/04/2016.

terça-feira, 19 de abril de 2016

PROPRIEDADE / LOCALIZAÇÃO DOS TUPINIQUINS NA ÉPOCA


Os índios não vislumbravam o acúmulo de riquezas, ou tinham a ideia de propriedade da terra. Contudo, atualmente há a necessidade de lutar por demarcações para que se mantenha viva cultura, etnia; a própria espécie. 
Mas...
Na época da chegada dos europeus, os índios Tupiniquins viviam mais ao sul do Brasil, o que seria hoje do litoral baiano até Santa Catarina, após confrontos com os tupinambás, foram expulsos da baía de Guanabara, que na época, como meio de garantir o território se aliaram aos portugueses (católicos). Os Tupiniquins, aos franceses (protestantes), muito embora, os nativos não imaginavam quão vil era realmente a verdadeira ameaça.
Quando estabelecidos, os tupiniquins agrupavam-se em aldeias com cerca de quatrocentas pessoas, protegidas, devidos aos confrontos com outras etnias, com "uma paliçada de taquara[1]" para evitar flechadas, e "cerca de paus pontiagudos, ficados no chão, chamados de caiçara" que segundo Thales Guaracy:

“Ali dentro, os índios dispunham de sete ou oito malocas (mortugabas) ao redor da ocara, amplo terreiro central que era ao mesmo tempo cenário da vida social e cemitério." (idem, p. 40).

            Ainda, constatou-se grande organização social, pois havia implícito controle populacional, já que, ao atingir número de pessoas as quais consideravam acima do aceitável, desmembravam-se e construíam outra aldeia a quilômetros da atual, onde “passavam a serem tribos amigas e a dispor de estruturas separadas de comando e subsistência”. Vistos pelos europeus como uma população com cultura bem definida, “moldada ao clima, às condições do trópico e à estrutura de sua sociedade” (ibid, p. 41).
            Na mesma esteireira do controle social, havia entre eles a seleção natural da espécie, pois, crianças nascidas com deformidades e(ou) incapazes, a inviabilizar a sobrevivência pelos próprios meios – tornando-se um problema para a tribo – eram eliminadas logo após o nascimento.

Por Adilson Valério



[1] Guaracy,Thales, 1964, A conquista do Brasil – 1500 – 1600, ed. São Paulo: Planeta, 2015, pag. 39-40

sexta-feira, 15 de abril de 2016

A RELIGIÃO E A MEDICINA DOS ÍNDIOS

          A religião das tribos era voltada a personificação de seres da natureza, chamadas de animistas, pois:

“os deuses personificavam elementos da natureza. Coaraci era o sol; Jaci, a lua, Iara, a deusa das águas; Curupira, o protetor da caça.[...] supersticiosos, deixavam nas trilhas presentes para o Curupira, para que ficasse satisfeito e não os surrasse ou matasse: penas de aves, abanadores, flechas, entregues como oferenda.” (Guaracy,2015,p. 51-52).
           
Já a medicina indígena era desenvolvida e aplicada por curandeiros. Nas aldeias existiam entre dois ou três pajés, considerados conselheiros, líderes espirituais e médicos. Para a sociedade tribal, eles eram dotados de poderes de cura, e dentre vários rituais, destacava-se o de tratar o doente chupando as partes doloridas, em que acreditava que traria para si a enfermidade, o mal existente no outro.
Também, segundo Thales, há relatos que as mulheres introduziam fios de algodão pela boca do enfermo e puxavam, ao acreditar que o mal, interno a ele, viria pelo o fio.
Contudo, apesar da importância e poder que detinham na aldeia, os pajés não tinham vida tranquila, pois, se por enfermidade ou sem explicação levasse a óbito alguém importante da aldeia, a eles eram atribuídas responsabilidades. Assim, em ritual, ferviam partes do morto e ofereciam aos pajés, aquele que adoecesse primeiro era considerado culpado. Tendo como castigo a execução a “golpe de borduna.[1]”
Ainda, dentre os curandeiros, existia os que estavam acima dos pajés – chamados de “Caraíbas” (do Tupi Kará ib, “sábio”, “inteligente”) (idem, p. 53). Eles, vistos como videntes ou profetas, se consideravam sem país, e dessa forma, transitavam com desenvoltura entre todas as tribos. Viviam isolados na mata e quando chegavam a uma das tribos eram recebidos com festa.



Por Adilson Valério




[1] Orlando e CláudioVillas-Boas, A marcha para o oeste – a epopeia da expedição Roncador-Xingu.

TIPOS DE HABITAÇÃO DA ÉPOCA



            Ao estabelecerem as aldeias, construíam as malocas em forma retangular, formando-se um grande salão, sem divisão, portas ou privacidade. Ali todos estendiam as redes de dormir, fixando-as entre os troncos centrais e as paredes laterais da maloca. O grande salão era necessário para abrigar a todos e, como meio de proteção, manter o ambiente aquecido e feitura da alimentação; eram dispostos dentro da maloca duas fogueira, próximo a rede do chefe da família. Elas serviam para iluminação diuturna, além de aquecer. As paredes eram feitas com diversas camadas de folha de palmeira – chamadas de “pindoga”, tornando-as espessas. Necessário à proteção contra ataque de flechas e a influência da temperatura externa, além de terem apenas duas aberturas laterais para acesso a ela.


Por Adilson Valério

segunda-feira, 4 de abril de 2016

CULTURA TUPINIQUIM - DANÇA DO TAMBOR OU "BANDA DO CONGO"


Por ser uma das etnias mais antigas, os Tupiniquins se reinventaram do século XVI para os dias contemporâneos.Os Tupiniquim mais antigos não se recordam de ter conhecido regras matrimoniais ou qualquer outra norma de parentesco diferente das de hoje, cujas prescrições são idênticas às da população rural. Dos ancestrais, os índios herdaram o receio em utilizar a língua indígena, totalmente perdida em memórias dispersas. Os avós dos atuais Tupiniquins conheciam a língua, mas tinham deixado de empregá-la porque eram ameaçados, deixando, então, de ensiná-la aos mais jovens, desde o início do século. Os índios mais velhos ainda se referem ao língua, índio que tinha o papel de tradutor, falava bem o português e a língua indígena, recebendo as visitas e conversando com os índios das matas que vinham para as aldeias participar da Dança do Tambor (Banda de Congo) nas festas religiosas.
Em 1951, o pesquisador Guilherme Neves distinguiu entre várias bandas de congos os figurantes da banda de Caieiras Velhas, composta por descendentes dos índios que a constituíram em Santa Cruz no século XIX.
As festas eram nos dias de São Benedito, Santa Catarina, São Sebastião e Nossa Senhora da Conceição, durando de dois a três dias: os índios tiravam o mastro da mata, e o Capitão do Tambor, todo ornamentado, usando bastão e cocar, comandava a Banda, saindo a convocar os índios para a dança, de casa em casa. Na ocasião, as índias preparavam uma bebida, a coaba, feita com aipim fermentado, enquanto os índios empregavam como instrumentos de percussão a cassaca (reco-reco antropomorfo) e o tambor, feito de madeira oca, recoberto de couro.
Esses rituais ocorriam em Caieiras Velhas, Pau-Brasil e Comboios, havendo intercâmbio entre as duas primeiras, quando os índios atravessavam as matas atrás das festividades. Hoje a Dança do Tambor só permanece em Caieiras Velhas. Antigamente o Capitão do Tambor detinha prestígio e era também reconhecido como curandeiro (rezador) pelos demais índios. Os Tupiniquim se declaravam católicos, pois as igrejas pentecostais só se instalaram na região recentemente, quando atraíram famílias indígenas para suas denominações.
Apenas o Capitão do Tambor tinha ascendência sobre as famílias de uma aldeia, se responsabilizando pela reprodução das tradições culturais entre os índios. A Dança do Tambor reforçou o intercâmbio e integração simbólica dos Tupiniquim, foi a cultura residual que deu suporte à ressurgência indígena, possibilitando o estabelecimento de uma distintividade cultural que os identificava frente à população regional, não como índios selvagens, uma representação muito difundida, mas como caboclos Tupiniquim.
A partir da luta pela demarcação das Terras Indígenas Tupiniquim na década de 70, surge em cena o Cacique, categoria social que vai expressar as novas articulações que se estabelecem entre os indígenas, que reconheciam anteriormente apenas o Capitão do Tambor. A figura do Conselho Comunitário surge junto com a do Cacique. Os Conselhos das aldeias, através das lideranças Tupiniquim e Guarani, participaram ativamente dos trabalhos de identificação das Terras Indígenas, junto com os respectivos Caciques. A luta pela ampliação de seus territórios produziu uma organização política formal, denominada Comissão de Articulação Tupiniquim e Guarani, mas são os problemas cotidianos e imediatos - desmatamentos, improdutividade de terrenos, plantios, falta de assistência - que mantêm a coesão entre lideranças e comunidades, fortalecendo a disposição reivindicatória de todas as aldeias.



 Fonte: http://pib.socioambiental.org/pt/povo/tupiniquim/1100